Honka em Honkanak

Honkanak é uma criação longínqua do mundo de Honka, uma personagem que encarnei e por quem me deixei apaixonar.

sexta-feira, outubro 28, 2005

Borboletas



“Borboletas na palma da mão, cabelos ao ar, deuses fugidos e o zumbir de um sorriso aberto e solto. Dos ramos lá no alto imagino o que será que me faz voar, enquanto olho para ela, fixa ao chão, a correr por entre arbustos rasteiros, tentando acompanhar os pequenos insectos que voam à sua volta.” Por muito que tente o meu imaginário pufff, quebra-se em três mil cenários sem ligação lógica ou racional entre si. Escrever tem de ter sentido? Pergunto-me. Talvez para quem lê seja uma ajuda, mas para quem escreve o mais importante é soltar flashes que não nos deixam, que querem sair de alguma maneira. Um gesto forçado de fazer sentido pode tirar a magia de se viajar para um mundo desconhecido, onde não sabemos o que vem a seguir. Deixar fluir, deixar fluir. Escrever é como borboletas na sua luta pela vida, no seu percurso, nas suas metamorfoses. Quando parece perfeita a sua vida é curta, quando se deixa voar todos olham para ela, querem ser como ela, querem saber para onde vai. Muitas vezes a borboleta não vai a nenhum sítio especial, apenas partilha o mesmo espaço que nós. As cores que leva consigo alegram o lugar, tornam-no especial por algum motivo que nos dá a certeza de que queremos acreditar na magia dos momentos. Uma paragem no tempo, no espaço. Somos obrigados a parar e reparar. Tristes os que deixam as borboletas passarem por eles sem lhes darem nada em troca, um suspiro, um pestanejar lento, um arrepio. A simplicidade a esvoaçar, a passar por nós. Como gosto de olhar para elas...Um toque invisível que depressa toca mas só vai com o sol, até um próximo dia tão especial como este que passou. Todos os dias, borboletas que passam por nós.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Bola de cristal



Não falei contigo
com medo que os montes e vales que me achas
caíssem a teus pés...Acredito e entendo
que a estabilidade lógica
de quem não quer explodir
faça bem ao escudo que és...
Saudade é o ar
que vou sugando e aceitando
como fruto de Verão
nos jardins do teu beijo...
Mas sinto que sabes que sentes também
que num dia maior serás trapézio sem rede
a pairar sobre o mundo
e tudo o que vejo...

É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal é feita de papel
Nela te pinto nua
numa chama minha e tua.
Desconfio que ainda não reparaste
que o teu destino foi inventado
por gira-discos estragados
aos quais te vais moldando...
E todo o teu planeamento estratégico
de sincronização do coração
são leis como paredes e tetos
cujos vidros vais pisando...
Anseio o dia em que acordares
por cima de todos os teus números
raízes quadradas de somas subtraídas
sempre com a mesma solução...
Podias deixar de fazer da vida
um ciclo vicioso
harmonioso do teu gesto mimado
e à palma da tua mão...
É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago feiticeiro
e a minha bola de cristal é feita de papel
Nela te pinto nua
Numa chama minha e tua.

Desculpa se te fiz fogo e noite
sem pedir autorização por escrito
ao sindicato dos Deuses...
mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei
como refúgio dos meus sentidos
pedaço de silêncios perdidos
que voltei a encontrar em ti...

É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou mago feiticeiro...
...nela te pinto nua
Numa chama minha e tua.
Ainda magoas alguém
O tiro passou-me ao lado
Ainda magoas alguém
Se não te deste a ninguém
magoaste alguém
A mim... passou-me ao lado.

We walk in fields of gold


You'll remember me
when the west wind moves
Upon the fields of barley
You'll forget the sun in his jealous sky
As we walk in fields of gold
So she took her love for to gaze awhile
Upon the fields of barley
In his arms she fell as her hair came down
Among the fields of gold
Will you stay with me, will you be my love
Among the fields of barley?
We'll forget the sun in his jealous sky
As we lie in fields of gold
See the west wind move like a lover so
Upon the fields of barley
Feel her body rise when you kiss her mouth
Among the fields of gold
I never made promises lightly
And there have been some that I've broken
But I swear in the days still left
We'll walk in fields of gold
We'll walk in fields of gold
Many years have passed since those summer days
Among the fields of barley
See the children run as the sun goes down
Among the fields of gold
You'll remember me when the west wind moves
Upon the fields of barley
You can tell the sun in his jealous sky
When we walked in fields of gold
When we walked in fields of gold
When we walked in fields of gold

Obrigada

Obrigada por estarem sempre lá,
Obrigada por insistirem em não envelhecer, embora as articulações já doam o espírito está cada vez melhor,
Pela energia que ainda têm,
Pela paciência, inspiração,
Pelos erros que cometeram para eu não os ter de repetir,
Pelos avisos que me deram e eu não liguei,
Pelos conselhos que me deram e eu não ouvi,
Por muitos sacrifícios, incontáveis,
Por me mostrarem que a vida dá muitas voltas,
Por me porem à prova,
Por me terem como filha e serem os meus pais...
Sou assim porque sou filha, porque sou irmã,
Porque sempre quiseram o melhor para mim,
Porque são os melhores,
Porque um dia vou ter muitas saudades, hoje, amanhã,
Sempre que me lembrar do bom que é ter-vos por perto.

Caminhadas




Dois pontos cardeais distantes e duas irmãs distintas. Longe mas perto, separadas mas unidas!
Até já sister, love you! Pura Vida!!

quarta-feira, outubro 26, 2005

Can´t take my eyes off of you...


" ... can´t take my eeeyyesssss..........................the day that I saw you, did I say that I loved you, did I say that I wanted to leave it all behind...I can´t take my mind off of you...And so it is...can´t take my eyes off of you..."

Momentos, guardo momentos, contigo... sinto,...contigo....sempre mais forte, sempre mais perto...





Pés pretos da praia, laranjas verdes, um cão maior que eu para matar saudades dos que ficaram para trás... The place? Café Rico, una mezcla perfecta "Free bikes, free coffee, free snorkeling, free surf boards", num sotaque meio americano meio asutraliano, nem sei, puramente de quem já se esqueceu de onde vem e de quem foi ficando por ali.
Era este o nosso cantinho depois de buscas pelo desconhecido, passeios de bicicleta em voo pelo verde, sobre o pó que se levantava quando alguém se atrevia a passar, os primeiros mergulhos em praias que iam ficando pelo caminho, o ar abafado pelos gritos dos macacos escondidos e pelos pássaros estranhos esvoaçantes, boroboletas afogadas no calor da estrada, lagartixas a mil à hora, pouca gravidade, um sonho.
Depois de cruzadas pelos caminhos de Puerto Viejo, chegar ao sítio das ranitas rojas invisíveis. Beber os nossos sumos,batidos, limonadas, sangrias, argentinas ou uruguaias, de melancia...o cheio do pão caseiro tostado pela manhã e do bolo de banana acabado de fazer... as jantaradas, o convidado caranguejo, o gato da perna de pau, os apelotes circundantes e a senhora barata que, nos seus últimos minutos antes do remoinho a levar lá conseguiu chegar às nossas escovas de dentes. A ventoinha histérica e o cheiro intoxicante do repelente que insistentemente usei e abusei... as picadas... Aquele cantinho foi o nosso...the place!

Luna, Cafe Rico, Puerto Viejo, Costa Rica, 2005

Luna

Little Luna...still growing everyone said. "Is she bigger? Can you see the difference?" Nobody could tell. I´m sure she´s bigger now...wondering around, doing nothing, laying on the ground...enjoying the simple fact of being a sweet dog!

Lost...needing to translate


Há momentos em que o silêncio faz as honras de falar mais acertado, há outros em que só o fluir de uma conversa consegue realmente fazer sentido. O eco de palavras cerradas confunde, cega, entope... Tudo abana e se mistura criando um nó e outro nó.
Trepando embaraços criados sem ponta por onde começar, sabe bem chegar acima e ver o chão. Afinal há maneira de chegar até lá abaixo outra vez, onde tudo abana menos e não pica, não incomoda, não desespera.
Perdi-me na minha escalada, perco-me. Ás vezes parece que faço de propósito e ligo uma bomba-relógio com que jogar, tic-tac,tic-tac, até quando vou aguentar. Sou mais forte, serei? Vou ser... e às vezes ganho, outras vezes chego tarde de mais e já explodiu um saco de farinha de onde nasce um bolo fermentado e sem gosto nenhum. Grande cozinheira saí eu que misturo, bato as claras, aqueço e arrefeço sem saber bem que ingredientes usei. Mas há um feeling em que confio... numa mistura sem sentido saem as combinações mais perfeitas que nunca pensaríamos combinar. Sei que, no meio de uma loucura há sensatez, há um feeling que leva me a apurar os cozinhados sem receita.
Por vezes perco-me...perco-me, sei disso. Só preciso mesmo é de decifrar o meu caminho, saber por que atalho segui, em que cruzamento estou, qual o próximo ponto de picagem. Preciso de traduzir o mapa, saber com o que é que tenho de contar, ver bem o que tenho à frente, não encalhar.
Ás vezes só preciso de tradução, assim sei que não andei num outro mundo, simplesmente não me fiz entender, perderam-me em qualquer lado e não me foram buscar. Sou o meu próprio mapa. Algumas palavras ganham o poder de garrafas de mensagens perdidas à procura de serem lidas por alguém que me queira salvar, de me tirar de onde estou. Alguns momentos de silêncio dão para fazer a contagem.
A resposta vem sempre... no olhar sincero de quem nos ouve e de quem nos quer falar também. Nem sempre acertamos de onde vêm essas palavras, o melhor é não confiar de que sabemos exactamente onde buscá-las sempre que precisamos. O melhor é guardar todas as mensagens que nos mandam e ir traduzindo o significado de tudo...

quarta-feira, outubro 19, 2005

Pendurar sapatos


Puerto Viejo, Costa Rica - Estranho nos parece este hábito do outro lado do Mundo de pendurar um velho par de ténis nos fios eléctricos da pequena aldeia caribenha.
Lá a vida é simples, o tempo existe porque vai passando. Sente-se o contacto com a terra, anseia-se pelo contacto com o mar. O ar é húmido, a água é quente, a terra é viva. As cores...as pessoas...

Às vezes esquecemo-nos de pendurar sapatos velhos, dar-lhes importância, e deixá-los à vista de todos para que possam ver os buracos. Orgulho no uso que damos aos sapatos, para que possamos pendurá-los à vista de todos.

Espero um dia voltar a pisar aquela terra e deixar por lá os meus sapatos gastos...

Pensamentos escondidos


Sonhar, voar, voltar… e depois escrever isso tudo. Porquê escrever? Para lembrar, espalhar, guardar!
Não sei bem como começar a descrever o que se passa dentro de mim, tão complexo, tão disperso, tão intenso…

Estranha a sensação que passa por cada um de nós e o que nos deixa, ou o que leva de nós com ela. Eventualmente retorna a quem deixou, devolve ou recria aquele sentimento perdido.
Uma mente sem caminho traçado…uma mão que escreve sem destino…uma cara que sorri e chora sem razão! Enfim…faz parte…é essa a razão.

Parece que tudo tem de ser complicado, tudo tem de ser novo, tudo tem de ser diferente em qualquer coisa, mínima que seja! Muito bem, que o seja. Espanto seria demonstrar a facilidade com que tudo acontece e se faz!

Que digo eu? Nada de novo…Mas desta vez o que foi dito foi por mim e não por ti, não pelo poeta, que o disse em versos, não pelo músico que o disse através de notas, não pelo pássaro que passou a cantar…

Dou por mim a escrever aquilo que jamais poderei explicar, mas sei que alguém há-de perceber porque também já me tentaram explicar através de palavras diferentes, mas de um olhar inconfundível…um olhar profundo, perdido na imensidão da sensibilidade e ocupado com o que vê. Olhar como quem vê, ver como quem suga, absorve... preenche. Uma passagem mais demorada por cada sentido que temos… um apuramento do resultado de um misto de sentidos num só. Poder fechar os olhos e ver mil e uma formas e cores, adormecer os nossos ouvidos ao som dos mais variados tons, sentir o toque sem tocar, deixar entrar a menor brisa perfumada dentro de nós, …saborear cada imagem, toque, som ou perfume… a intensidade, deliciarmo-nos com a intensidade…

Conhecer como quem descobre, descobrir para saber conhecer. Desvendar o que nos rodeia, destruir ideias formadas e teimosas, desejar alcançar mais… preencher o silêncio que se apodera no fim de mais um dia de descobertas!

O silêncio parece-me tão mais sincero…tão mais esclarecedor, real e produtivo. São as palavras que por vezes me assombram, por não me tirarem deste mundo meu, por não saírem como e quando devem, seguindo a minha verdade. Um questão de impulso que fica por ser dado, uma parte que fica por ser conhecida, uma vontade incompleta de fazer o que já não fiz. E o instante já passou, espero agora que ele volte, chamo, espero,vou buscá-lo de novo! Repetidamente…

…situações por que não chamo, por que anseio, por que peço, por que sou apanhada…Faz parte da viagem que começei e não quero acabar.

E aquilo que parece tão claro constroi um muro tão complicado e difícil de ultrapassar. Das muralhas desse forte, que sou eu própria, grito o mais que posso, tal que o eco chegue para derrubar o que foi erguido sem razão. Mais, grita mais… a minha voz torna-se melodia para as paredes sólidas do meu castelo que não se move e permanece silencioso.

Então caio num sono merecido…e sonho, voo para outros lugares, solucciono o meu problema.Invento novos caminhos, novas cores, novas palavras,novos passos de dança… e depois... danço pela estrada fora, iluminada, cantando o que inventei como quem corre numa linha infinita! Ninguém, nem nada, me conseguem perseguir. Não conseguem acompanhar a velocidade que me leva. E rio-me porque a lágrima, que à segundos atrás caía no chão, está longe do chão por onde já passei.

Continuar em frente, não parar e levar comigo tudo o que quiser vir. Tentar chegar...

Agarramos um segundo, que já lá foi, para o lançar no papel algo que tem aquela importância momentânea de querermos dizer alguma coisa. Chega a parecer ridículo...