Honka em Honkanak

Honkanak é uma criação longínqua do mundo de Honka, uma personagem que encarnei e por quem me deixei apaixonar.

sábado, janeiro 28, 2006

The rise and fall

As gotas de chuva caem aos pares, dançando pelas folhas como se não houvesse dia nem noite, num êxtase de libertação alucinante, marcando o ritmo aos que se não querem molhar e àqueles que saem ao seu encontro, em resposta a dias infindáveis de frio seco e amargo.
É sábado, já contam as horas finais deste dia comprido. Ao som da cítara e de uma chuva que a acompanha, as teclas parecem fugir à sinfonia marcando outra música própria. Calmamente, aproveito estes minutos para entrar dentro de mim e recriar um pouco do que encontro, do que vejo, do que sinto, do que sou.
A música que oiço por momentos afasta-me de qualquer pensamento, suavizando os meus olhos, travando os meus dedos e abrindo os meus ouvidos a todo o meu corpo. Os pés estão longe e sob o peito nasce uma espiral em movimento. É a sensação por que mais anseio: tranquilidade. Não esperava que viesse agora. Pode tudo ser tão simples, e nestes pequenos sinais está tudo claro de que assim é.
Adicionei a letra de uma música "Shape of my heart" que ouvia há uns minutos atrás. Não adicionei apenas porque gosto de a ouvir, mas porque faz sentido com aquilo que vi hoje no cinema. Um filme pesado que me fez pensar nas circunstâncias da vida, na forma como vivemos os nossos dias, nas formas que existem de se viver. No final não há certezas de nada, nem do que podemos esperar de nós, nem do que podemos esperar dos outros. E há aquela sensação que se apodera de vez enquanto de querer sentir sempre o limite de uma emoção para nos sentirmos verdadeiramente vivos. Chegar aos nossos limites, mexer com os limites dos outros. Será o nosso "agora" tão importante? Porquê? Para quê? A vida é feita de "insignificantes" momentos, para quê torná-los maiores do que realmente são? Mas chega a alturas em que, de facto, os momentos são decisivos e, cabe-nos a nós descobrir quando realmente estamos a mudar alguma coisa. Essa descoberta pode demorar, pode-se revelar falsa, pode ser ilusória, mas o sentido está em descobrir o que estamos a fazer e o que vamos fazendo. Mas confiamos apenas no nosso instinto? Não. Confiamos nos vários espelhos que nos perseguem, que nos acompanham, que se cruzam connosco, que criamos e que existem para nós. Porque o nosso espelho interior tem alma própria, humores desconhecidos, inconstâncias perigosas que não podemos controlar nem confiar como confiámos em ocasiões em que nos provaram que estávamos errados. Somos tão falsos quanto os outros e cada um combate a sua luta, porque é difícil sermos sempre sinceros e convictos daquilo que somos e daquilo que pensamos que os outros são. A sinceridade está longe de onde a coerência se levanta, chego-me a perguntar se podemos realmente ser sinceros?... quantas vezes estamos amarrados a falsas verdades que fazem sentido, jogando minuto e minuto a sentido que lhes damos?
Ao som da cítara apercebo-me de que nos rodeamos de sentidos para preencher a falta de sentido real, a pureza da compreensão e a tranquilidade de lidar com a vida como as notas lidam umas com as outras, ou gota a gota que vai caindo no chão.
Ao som da música que transcrevi relembro as inquietações de um jogo onde vamos jogando cartas poderosas que perdem todo o significado quando se fazem más apostas. "And you can easily gamble your life away, second by second and day by day...".
No final jogamos aquilo que nos calhou ou continuamos a jogar até que nos calhe a mão por que esperamos para ganhar? É esperar para ver onde o jogo nos leva, mas ser um jogador que obedece às suas regras e não se contenta com as cartas que lhe dão. É estar atento ao nosso jogo, ao que temos para passar à próxima rodada, ir sobrevivendo às derrotas sempre com certeza das vitórias.
What´s the shape of my heart? It´s what they call, the rise and fall.

Gamble with life





I live my life in chains
Got my hands in chains
But I can't stick with the cards I got with a deal like this
I must insist that a girl's got more to do
Than be the way you think a woman should

I've taken it into my own hands
In this man's land
I can understand why I'm taking command
Had enough of stuff
And now it's time to think about me

And you can easily gamble your life away
Second after second and a day by day
You play the game or you walk away
It's a new turn on a blue day
And a cool deal of life for me
And it's all good

I know that the spades are the swords of a soldier
I know that the clubs are weapons of war
I know that diamonds mean money for this art
But that's not the shape of my heart

I've always played it safe
Nothing's ever safe
Give me the courage to back my own convictions
Every decision I made
I paid it back and more
I turn the cards and let them fall to me
Cuz I don't need to play on with the hand that they have given me
I give it back cuz it's not the way it has to be

And you can easily gamble your life away
Second after second and a day by day
You play the game or you walk away
It's a new turn on a blue day
And a cool deal of life for me
And it's all good

I know that the spades are the swords of a soldier
I know that the clubs are weapons of war
I know that diamonds mean money for this art
But that's not the shape of my heart
That's not the shape


The shape of my heart

domingo, janeiro 22, 2006

Lost


Custa subir as escadas até casa e não o ver. Olhar à volta e ele não estar em lado nenhum.
Não há um dia em que não me lembre de ti Lost, o meu preferido. Sinto um aperto cada vez que penso da maneira que passaste os teus últimos minutos, impotente e indefeso, confuso e atrapalhado, envergonhado e assustado.
Tenho a certeza de que sempre soubeste o quanto eu, e todos nós, gostavamos de ti, mesmo naquelas noites mais frias em que ficaste lá fora sozinho. A tua sorte trouxe-te cá para casa, e agora a casa já não é a mesma.
Ainda tenho marcas nas mãos de abrir o buraco onde estás no jardim, ao lado da Etna que foi outro amor canino da minha vida e que morreu tão cedo... Ela morreu a dar beijinhos, quase a agradecer o pormos fim ao sofrimento dela. Mas tu parecia que não querias morrer, custou-me tanto... É mórbido estar a escrever isto tudo assim. Senti que tinha de escrever alguma coisa, relembrar-te, registar a falta que me fazes e o quanto gosto de ti. Tenho saudades tuas, tenho um desgosto enorme de me ter despedido de ti, mas prefiro lembrar-me da boa vida que tiveste, dos 10 anos que passaste a ladrar, a roer as minhas botas preferidas, a entrar pela casa dentro e fazeres-te de mula para não sair, das dentadas que davas quando ficavas contente, do barulho que fazias quando te dávamos festinhas ou quando chegávamos a casa e tu estavas à nossa espera, o abanar do rabo, as voltas que davas ao jardim quando chegava o homem do gás, a tua maneira estranha de andar, a tua mania de seres um cão de colo mesmo com 35 graus em pleno verão ao sol, o teu pelo, a tua orelha meio torta, o teu focinho e a maneira como bebias água, aqueles momentos que passámos só os dois...Não me vou esquecer te ti Lost...

domingo, janeiro 01, 2006

1 de Janeiro de 2006


Senti que deveria escrever qualquer coisa que fosse neste dia. Porque é o primeiro dia de 2006, porque é o princípio de outro mês, porque já nem me lembrava de Janeiro e preparo-me agora para passar os 12 meses todos outra vez.
Mais um bom pretexto para novos balanços, planos, projectos e novos princípios. "Bom Ano!" como se o ano tivesse princípio e fim... Vou aproveitar esta desculpa esfarrapada para iniciar então o novo ciclo, forçar uma nova viragem, um novo ano em que tudo correrá melhor, cheia de energia positiva e de arranque. Espero sinceramente que todas as mudanças ao longo dos próximos 365 dias não sejam esquecidas, sejam analisadas, medidas e bem orientadas. Quero muito poder chegar ao final de 2006 e seguir em frente para 2007 bem mais preparada, pois sei que a partir de aqui temos todos de fazer o nosso melhor. E este "aqui" já foi o "aqui" de 2000, de 2001, 2002.....ou podíamos ir até mais atrás. Agora até 2007, já que escolhemos esta divisão de anos, é dar o tudo por tudo para aproveitar cada uma das estações, cada um dos dias, cada um dos acontecimentos, cada um dos passos que damos. Espero para 2006 um ano de grandes mudanças (esta frase é-me familiar) e só quero imaginar que seja uma fase de transição que me leve a ser ainda mais feliz e realizada e que, perante todas as dificuldades, todos os desafios, eu aprenda a superá-los serenamente, construindo uma pedra sólida da minha personalidade, um bom alicerce de quem sou para mim e para os outros. Que todos aqueles de quem gosto estejam ao meu lado neste próximo capítulo e que passem os dias naturalmente, sem grandes desvios que nos arranquem do caminho que já percorremos todos juntos. Sei que, cada vez mais, os amigos, sobretudo, se vão afastando, as vidas complicam-se, o tempo encolhe, as prioridades mudam. Gostava muito que aqueles que me rodeiam não se abatessem pelo "tempo", não se deixassem levar pelos anos e que conduzissem firmemente este próximo ano. Sei que 2006 vai ser um grande ano, que há muito guardado, há muitas voltas a dar, e que tem de ser aproveitado ao máximo. Quanto a 2007, já me preparo para esse, esforçando-me para que 2006 seja já um óptimo prenúncio para o anos que se seguem. 2006 vai ser aquilo que fizer dele, e eu quero fazê-lo inesquecível ....porque merecemos viver a vida de uma maneira especial. Todos os dias como grandes estreias, experiências memoráveis e exploradas com paixão. O grande objectivo é reaprender a viver o mais simples e a esquecer que é complicado simplificarmos: just make it simple! Boa sorte a todos os que aproveitam a força do dia 1 de Janeiro para novos desafios e que consigam o máximo que puderem e possam recomeçar de onde ficaram no próximo ano, e no outro, e no outro....