Honka em Honkanak

Honkanak é uma criação longínqua do mundo de Honka, uma personagem que encarnei e por quem me deixei apaixonar.

segunda-feira, março 05, 2007

00:45

Levantei-me. Bebi um copo de água e voltei para a cama. Peguei na caneta e num pequeno caderno que comprei um dia em Barcelona. Um caderno que inicialmente me acompanhou numa viagem em busca de mim própria. E eis que vou buscá-lo novamente, quando acabo de voltar de uma outra viagem , uma daquelas que nem sempre registo. São as viagens mais comuns e mais fantásticas de todas: aquela hora que passei às voltas na cama, sem saber já ao certo se estive acordada ou se já fez tudo parte de um sonho confuso e electrificante.
O telefone tocou. Sem sentir sequer um pestanejar, na escuridão total da noite que me sugou ambos os olhos, agarro o telemóvel para ver que és tu. A minha voz sai mais clara do que no início de um novo dia. Sem rouquidão de espécie alguma, translúcida, com todas aquelas ideias e imagens a nadar na minha cabeça. Passou exactamente uma hora. Conto-te, por alto, algumas das passagens e revelo-te entusiasticamente um estado de espírito estranho, intrigante mas perfeitamente inspirador. Tu estás do outro lado, numa cama que bem conheço à qual me transporto. Por momentos estou ao teu lado, dividida entre o aqui e o aí, e conto-te o que vi. Também tu deste as tuas voltas e, juntos, contamos as mil e uma voltas que ficam por contar. Se ao menos houvesse um gravador de pensamentos! Nem uma caneta, nem um pincel, nem mil notas de música se aproximam destas aventuras que se passam dentro das nossas cabeças. Gostava de te poder mostrar estas minhas obras, tanto como gostava de ver as tuas. Tenho de escrever este momento. Apercebo-me que é a este mundo que eu pertenço, e é este mundo dos sentidos que me fascina. Sinto as ideias a fervilhar.
Fecho novamente os olhos, forçada. Quero voltar às sensações de há pouco, voltar a sentir a magia do misterioso e do meio existente, o misto de realidades. Imagino-te a fechar os olhos também. Em que pensarás? Quando fechar os olhos viajarei para essa imagem tua, como se entrasse num quadro que eu pintei e cujos traços tão bem conheço.
Só tu podes entrar no meu mundo. Só a ti abro a porta. Só tu sabes por que caminhos entras e eu por que caminhos te levar. E lá vamos nós explorar tudo quanto temos a dar um ao outro. Boa noite, até amanhã. Fecho os olhos sobre os teus e deixo-me levar por esta força que une os dois.