Pensamentos escondidos
Sonhar, voar, voltar… e depois escrever isso tudo. Porquê escrever? Para lembrar, espalhar, guardar!
Não sei bem como começar a descrever o que se passa dentro de mim, tão complexo, tão disperso, tão intenso…
Estranha a sensação que passa por cada um de nós e o que nos deixa, ou o que leva de nós com ela. Eventualmente retorna a quem deixou, devolve ou recria aquele sentimento perdido.
Uma mente sem caminho traçado…uma mão que escreve sem destino…uma cara que sorri e chora sem razão! Enfim…faz parte…é essa a razão.
Parece que tudo tem de ser complicado, tudo tem de ser novo, tudo tem de ser diferente em qualquer coisa, mínima que seja! Muito bem, que o seja. Espanto seria demonstrar a facilidade com que tudo acontece e se faz!
Que digo eu? Nada de novo…Mas desta vez o que foi dito foi por mim e não por ti, não pelo poeta, que o disse em versos, não pelo músico que o disse através de notas, não pelo pássaro que passou a cantar…
Dou por mim a escrever aquilo que jamais poderei explicar, mas sei que alguém há-de perceber porque também já me tentaram explicar através de palavras diferentes, mas de um olhar inconfundível…um olhar profundo, perdido na imensidão da sensibilidade e ocupado com o que vê. Olhar como quem vê, ver como quem suga, absorve... preenche. Uma passagem mais demorada por cada sentido que temos… um apuramento do resultado de um misto de sentidos num só. Poder fechar os olhos e ver mil e uma formas e cores, adormecer os nossos ouvidos ao som dos mais variados tons, sentir o toque sem tocar, deixar entrar a menor brisa perfumada dentro de nós, …saborear cada imagem, toque, som ou perfume… a intensidade, deliciarmo-nos com a intensidade…
Conhecer como quem descobre, descobrir para saber conhecer. Desvendar o que nos rodeia, destruir ideias formadas e teimosas, desejar alcançar mais… preencher o silêncio que se apodera no fim de mais um dia de descobertas!
O silêncio parece-me tão mais sincero…tão mais esclarecedor, real e produtivo. São as palavras que por vezes me assombram, por não me tirarem deste mundo meu, por não saírem como e quando devem, seguindo a minha verdade. Um questão de impulso que fica por ser dado, uma parte que fica por ser conhecida, uma vontade incompleta de fazer o que já não fiz. E o instante já passou, espero agora que ele volte, chamo, espero,vou buscá-lo de novo! Repetidamente…
…situações por que não chamo, por que anseio, por que peço, por que sou apanhada…Faz parte da viagem que começei e não quero acabar.
E aquilo que parece tão claro constroi um muro tão complicado e difícil de ultrapassar. Das muralhas desse forte, que sou eu própria, grito o mais que posso, tal que o eco chegue para derrubar o que foi erguido sem razão. Mais, grita mais… a minha voz torna-se melodia para as paredes sólidas do meu castelo que não se move e permanece silencioso.
Então caio num sono merecido…e sonho, voo para outros lugares, solucciono o meu problema.Invento novos caminhos, novas cores, novas palavras,novos passos de dança… e depois... danço pela estrada fora, iluminada, cantando o que inventei como quem corre numa linha infinita! Ninguém, nem nada, me conseguem perseguir. Não conseguem acompanhar a velocidade que me leva. E rio-me porque a lágrima, que à segundos atrás caía no chão, está longe do chão por onde já passei.
Continuar em frente, não parar e levar comigo tudo o que quiser vir. Tentar chegar...
Agarramos um segundo, que já lá foi, para o lançar no papel algo que tem aquela importância momentânea de querermos dizer alguma coisa. Chega a parecer ridículo...
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