Tus fotografias para ver las cada vez....no tengo remedio más que amarte!




Honkanak é uma criação longínqua do mundo de Honka, uma personagem que encarnei e por quem me deixei apaixonar.
É quando se atravessa uma avenida e não se sente os carros a passar...
O Almodóvar é que gosta de escolher uma música especial quando está a escrever....pois eu não sei bem que música escolher, quando tampouco sei o que vou escrever, o que vai sair desta vez. Mais uma vez deixo-me levar pelos dedos. Não queria escrever em tom de resposta a provocações ou outras ideias que gravei na memória, mas inevitavelmente serei influenciada pelo que vou vendo, pelo que vai ficando. Pior mesmo é quando não sabemos o que guardar e o que deitar fora. Acontece com as palavras, com as frases: quais deixamos ficar, quais apagamos para que o texto faça sentido. O mesmo se passa um bocado com a nossa vida. Sentimos mil e uma coisas ao mesmo tempo, mas apenas nos podemos agarrar a algumas para que não nos embrulhemos em papel rasgado. E quando não sabemos o que é de guardar e o que é de dispensar, então aí torna-se tudo menos simples, menos espontâneo, menos descontraído, mais nublado e cinzento. Como controlar isso então? Será que há determinadas alturas em que é mesmo suposto sentirmo-nos assim? Será que podemos controlar? Será que é para controlar??
São gritos de raiva, são gritos de tristeza, são ecos de alívio, são facadas de desilusão, são lágrimas de crocodilo asfixiado, são rios de angústia, são silêncios cobardes, são palavras assassinas, são raios de lucidez, são precipitações de infantilidade, são incertezas irrequietas, são certezas mortas, são minutos infinitos, são segundos de tranquilidade, é uma vontade de explodir, é uma vontade de rasgar, é papel de plástico, é cansaço inútil, é terra seca, são campos alagados, são pés molhados, é alma sem tecto, é mudez ensurdecedora, são beijos sem sabor, é um olhar cortado, são gestos atrasados, é um relógio sem ponteiros, é uma cama fria sem lençóis, fogo sem chama, vento descontrolado que a leva não sei onde, é ceguez luminosa, é dia de 26 horas e meia, são sonhos em câmara lenta, é noite falante, é dia reabsorvente, é bomba de ar, é fuga sem direcção, é encontro sem ninguém à espera, são passos ruidosos, são costas pesadas, coração flutuante e alma cansada...