Te desdibujaste
Não é impossível que deixes de gostar de mim, não sou imbatível. Queremos sempre saber porquê mas nem sempre há uma resposta certa, e todas as respostas não vão ser suficientes para apagar o arranhão no nosso ego e no amor que guardamos cá dentro. Tenho tantas coisas guardadas que preciso de largar mas as emoções trocam-se todas a mil à hora. Um dia acreditei na estabilidade, mas tal palavra é um espelho cínico de algo que até na sua natureza é instável. Deixei de acreditar, neste momento deixei de acreditar em muito do que tinha como certo. Deixei de saber se gosto de ti porque não te encontro, deixei de saber como te encontrar porque me queres longe, deixei de fazer parte de ti e não sei onde te arrumar cá dentro. És um ficheiro que não sei classificar, és uma pessoa que já não consigo desenhar de olhos fechados porque a tua expressão mudou rápido demais para que eu a conseguisse ver. Onde é que estás? Onde é que ficámos? Fui-te perdendo, sei isso, senti isso muito antes, sinto agora e tu confirmas. Estás longe, muito longe. Se por um lado te quero perto, por outro lado deixo te ir, deixei de te querer. Também eu te deixei de "amar", mas adoro profundamento o meu Bernardo, aquele que me adorou da mesma maneira, por quem me apaixonei e a quem quis dar tudo o que tinha. Tenho saudades tuas, nunca chegaste a voltar, enganámo-nos nas saudades e apenas recuperámos a parte que não interessava. Afinal o que é que querias de mim? Querias que eu voltasse por ti? Querias que eu sugasse essa tua outra parte que encondeste por baixo das tuas novas responsabilidades, mas não me deste tempo nem me deste espaço para eu o fazer. Deste uma oportunidade falhada a ti mesmo, mal dirigida e pensada, e a mim não me deste nada senão algum calor e uma companhia ausente de ti. Roubaste-me o que sentia por ti, porque o que sentia por ti já não é o que eu sinto. Fizeste me acreditar que a oportunidade de virmos a sentir tudo outra vez era dada aos dois, mas ficaste com ela e desperdiçaste-a. E com tudo isto saímos os dois magoados e bem ferida eu que quis pensar que tudo seria diferente, igual a antes quando eras tu. Não esperava que esta fase me fosse bater com tanta força a porta. Não há espaço para mim aí. Imaginei algumas vezes que talvez houvesse alguma vontade de me quereres ao teu lado, mas não há. Neste momento há lugar para ti, para ti e para ti. Não te censuro. Desilude me apenas ver como trocaste os lugares e sentaste outra coisa tua no meu lugar. Quem vai ao ar perde o lugar, e quem está sentado há muito tempo arrisca-se a ficar sem cadeira pelos vistos. E onde é que eu te vou sentar agora? Valerá a pena guardar um lugar para ti? Talvez...talvez não, talvez o teu lugar seja no passado, ao menos aí sentamo-nos juntos. Não te quero deixar mas quem me perdeu desta vez foste tu. Ando por aí perdida até que o meu Bernardo me encontre. Se ele não me encontrar cá estará outra Mariana de substituição nos moldes da antiga, pronta para seguir em frente como sempre hoje e amanhã. É bom saber que fomos importantes, mas ainda melhor é sabermos que seremos sempre especiais: tu és muito especial para mim. Serviu o tempo para desenhar-me outra vez, e agora é pintar todos os dias um bocadinho do que foi borrado. Isto escrevi mesmo para ti, sem procura de resposta ou efeito, apenas para entregar-te o que sinto agora e nada mais.
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